terça-feira, 16 de agosto de 2011

CALVINO: A INFLUÊNCIA DO PENSAMENTO POLÍTICO EM GENEBRA - PARTE 2

(Ver parte 1:  http://pensamentoehistoria.blogspot.com/2011/06/calvino-influencia-do-pensamento.html )

Após passagem não muito boa pelo reino da França, Calvino parte a caminho de Strasburgo, mas por causa das guerras resolve passar antes em Genebra. Ao chegar visualiza o triunfo de Farel com a reforma e ver a necessidade de consolidá-la. Sendo informado da presença do autor das “Institutas Cristãs” na cidade, insiste para Calvino ficar, isso em Agosto de 1536. Podemos dizer que surge o início do contato do pensamento de Calvino com a cidade que já havia toda uma vontade e ligação com a reforma protestante, o que para Calvino inicia um espaço para a montagem de idéias de resistência e formação do protestantismo calvinista, ou como ele dizia, consolidação da “verdadeira fé Cristã”.

Sua primeira chegada a Genebra não foi tão bem vista por representantes da cidade. Muitos discordavam de Calvino, e conseqüentemente de Farel pelo convite feito para que ficasse na cidade. Calvino, que apesar de algumas divergências, passa então a formalizar sua teoria, o que vamos conhecer como a teoria da resistência. Seu argumento inicia na tentativa de destacar o papel dos “magistrados menores” mediante as posturas e decisões dos “magistrados maiores”. Para ele os magistrados maiores, que seriam nesse início as autoridades católicas, poderiam ser confrontados pelos magistrados menores, pessoas que estariam gabaritadas para combater algum desvio dessas autoridades, algo que para a doutrina de Calvino não seria um levante ou rebeldia contra as autoridades constituídas por Deus, mas se uma autoridade desvia seu real propósito, ela deve ser confrontada por esses magistrados menores.
Devemos analisar que nesse primeiro período de Calvino em Genebra (de 1536 a 1538) sua doutrina começa a ser formulada, o que não influenciará muitos acontecimentos que estão ocorrendo em Genebra e que não são idealizados por Calvino.
Outro ponto a ser colocado é sobre a população de Genebra. Nos anos de 1536 a população chegava a 11 mil habitantes, o que no decorrer dos anos, veremos um crescimento demográfico considerável, muitas pessoas das diversas regiões da Europa irão se mudar, atraídas é claro pelos acontecimentos e transformações que a doutrina reformada causará em Genebra. Vemos em alguns textos que relata o ocorrido à expressão “Cidade de refúgio”, termo remetendo a esse fato de muitos encontrarem em Genebra essa nova forma de fé e prática cristã, o que em outras regiões da Europa como Itália, por exemplo, o catolicismo é muito forte e contra qualquer outra vertente cristã. Essas pessoas que eram perseguidas nessas regiões partem para Genebra, motivados a encontrar o que querem na cidade. Gostaria de ressaltar também que os números que os textos nos mostram a respeito do número populacional como citado aqui não são muito confiáveis, tarefa difícil para a época, o registro dos habitantes serão os mais diversos colocados por diferentes autores.
Logo após 1536, Calvino, devido às muitas divergências locais, é expulso de Genebra. Episódios políticos de 1538 serão fundamentais na reviravolta que a cidade passará. Um partido reformado, mas pouco favorável a estadia dos refugiados franceses toma o poder. Orientados por Calvino a adotarem costumes religiosos de Berna, uma cidade em que a doutrina reformada já está bem consolidada, causará muito tumulto, pois a decisão parte sem a consulta dos pregadores, ou como já chamados magistrados que já faziam parte da estrutura política formada em Genebra. Esse episódio causará uma ruptura fazendo que Farel, Calvino e os demais pregadores contrários aos magistrados a se retirarem da cidade em três dias.
Saindo de Genebra, Calvino passará por uma fase em que o amadurecimento da doutrina pregada e proposta por ele será visível. Ao retornar o caminho para Basiléia vê-se pressionado a estabelecer-se em Strasburgo, local em que Calvino passa a amadurecer suas idéias. Surge então mais uma nova edição das “Institutas” em Latim e em Francês. Orientado por Bucer, Calvino passa então a se preocupar com uma doutrina em que todos os protestantes teriam alcance em assimilar e entender. Outras áreas de sua vida começam a tomar rumos diferentes como, por exemplo, a união do matrimonio: “Casa-se em 1540 com a viúva de um anabatista de Liége por ele convertido à ortodoxia reformada. Idelette de Bure. Foi para Calvino uma esposa dedicada.” 
Apesar de algumas alegrias da nova família que Calvino veio a constituir, episódios como o filho que tiveram, mas que não durou quinze dias, somado às muitas dificuldades físicas e de saúde que seu organismo viera a ter, serão marcas de sua caminhada. Outros motivos políticos levam Calvino a desanimar em Strasburgo e o fato de o verão de 1540 os Guilherminos, que eram ligados ao partido de Farel retomam o poder convidam Calvino para retornar para Genebra. Mas ele propõe condições para o regresso à cidade: que o magistrado de Genebra apóie e incentive a educação através do catecismo e da disciplina. Depois de algum período de negociação, Calvino retorna para Genebra.

(Texto enviado por Ivatan Holanda - graduando da UFES)

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